Por que o São Paulo FC não decola?

A torcida são paulina perdeu a paciência, de vez, com o técnico Ney Franco. 

O calmo mineiro é hostilizado a cada substituição, perdendo, empatando e agora até mesmo em caso de vitória, como visto no último domingo, diante do Oeste. Vaias, irritação e reclamações contra o mau futebol, que culminaram com os inevitáveis gritos de "Burro! Burro!". Pois é... algo certamente não vai bem...

E mais importante do que a atuação do time nesta última partida, foi a atitude dos principais jogadores do elenco após o término da peleja, ainda no gramado do Morumbi.

Luís Fabiano, que voltou ao time depois de cumprir suspensão ante o Arsenal de Sarandi, marcou o seu gol e não comemorou. Disse aos microfones apenas "estar passando por problemas pessoais - já superados", e "não ter sentido vontade de comemorar"...

Rogério Ceni deixou o campo e também concedeu curta entrevista, onde não escondeu o mal estar do elenco com a atual situação. Pode ser interpretado como crítica velada ao trabalho do atual treinador? Não dá para cravar, mas foi o que se pôde intuir, dado o tom contrariado da entrevista do capitão.

Uma semana antes, ainda durante o Choque-Rei, tinha sido a vez de PH Ganso demonstrar sua insatisfação com o técnico Ney Franco, em dispensável gesto de rebeldia. 

Após ser substituído na última quinta-feira, na Argentina, Lúcio também direcionou ao treinador toda sua irritação,  depois de ser sacado do time, e recolhendo-se ao ônibus antes mesmo do término da partida.

Com tudo isso ficou explícita a crise de relacionamento de boa parte do elenco com Ney Franco, em especial seus mais influentes e experientes atletas. Motim de líderes. Em menos de uma semana todos eles se mostraram contrariados e/ou agindo intempestivamente.

Horizonte escuro e negativamente carregado, às portas de decidir a vaga às oitavas de final da Taça Libertadores, e por conseguinte, dos rumos do semestre.

Sempre achei que o trabalho de Ney Franco não possuía grandes falhas de planejamento - no que tange ao escopo do treinador. Reitero que o trabalho técnico e tático do treinador sucumbe mais à má fase simultânea de 4 ou 5 atletas - o que comprometeria o trabalho de qualquer técnico, ou condenaria qualquer esquema.

Talvez a diretoria tenha deixado algumas lacunas, que nem mesmo o "Todo Poderoso Juvenal", com sua Mão Pesada, foi capaz de corrigir. Faltou a tal cereja... Ainda assim, temos um bom elenco... Não estamos jogando nem 50% do que este grupo tem de potencial.

Mas... Por quê?

Muitos são os fatores que comprometem o rendimento do futebol tricolor... 

E isso remonta a três, quatro anos atrás, com a dissolução do conceito de comissão técnica permanente, e a perda de grandes referências como o Dr. Turíbio Leite, o excelente preparador físico Carlinhos Neves, e até a extinção do cargo de Superintendente de Futebol, exercido com muita propriedade pelo Dr. Marco Aurélio Cunha por quase uma década, com ênfase na gestão do saudoso e glorioso Marcelo Portugal Gouvêa, e no primeiro mandato de Juvenal Juvêncio.

Ninguém abre mão de profissionais tão laureados e renomados impunemente.

Em êxtase "soberano" após nosso tão esperado TRI consecutivo e legítimo (06,07,08), Juvenal Juvêncio iniciou sua "limpeza", afastando exatamente aqueles que, por serem de competência inequívoca, dividiam com o orgulhoso presidente os louros das seguidas vitórias.

Hoje sobraram pessoas até que qualificadas, mas que triunfaram em outras frentes: Ele mesmo - Juvenal - foi um bom diretor de futebol, inclusive na gestão MPG. Adalberto Baptista teve atuação importante no Marketing - ali cresceu e se fez um nome visível na política do clube. 

Mas, ao se manter no poder por tempo demasiado, Juvenal perdeu a mão, e fez algumas "pardalices" no comando do Futebol do São Paulo.

Enfrentamos uma crise que nasce nos corredores do poder e da administração do clube, muito antes de contaminar e fazer fracassar profissionais que frequentam gramado e vestiário...

Crise esta que, rompe o bairro do Morumbi, e segue até o CFA Laudo Natel, em Cotia, onde mandos, desmandos e quiçá até 'negociatas escusas' parasitam, ceifam e limitam o sucesso no futebol do Mais Querido, desde suas raízes...

É fácil apontar, analisar, julgar e condenar um (bom) profissional... E Ney Franco, isolado e fechado em copas com suas próprias convicções, contribui para isso... Chega mesmo a ser teimoso e intransigente.

Mas, para o bem do SPFC, não podemos achar que nossos problemas se resumem à utilização ou não de Ganso, ou ao esquema que será utilizado na próxima partida...

Se Ney Franco ainda tiver controle sobre o elenco (e isto a diretoria tem que deixar muito claro, sob o risco de ser pautada por este grupo daqui por diante), merece ficar. Não podemos premiar uma rebeldia que transgride a hierarquia e o bom senso. Se cairem fora da principal competição do ano, que sejam todos cobrados e punidos.

E se Ney Franco realmente perdeu o controle sobre o grupo, não recebeu o devido apoio da diretoria na hora certa, que saia...

Talvez ainda reste algum tempo pra tentar se manter vivo e respirando nas quatro linhas, enquanto a gente resolve o que fazer nos bastidores do Morumbi...

#AvanteMeuTricolor

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